sexta-feira, 16 de julho de 2010

Brasil, leito da biodiversidade

Uma das funções da Câmara, além de legislar, é ser um espaço de promoção de discussões de cunho relevante para a nação brasileira. Nesta semana, a Câmara sediou o Seminário Ano Internacional da biodiversidade: Os desafios para o Brasil.

“Somos o campeão da biodiversidade” foi a canção entoada pelos palestrantes durante o evento. Estimativas apontam que o Brasil possui um quinto das espécies da Terra e que conhecemos somente 10% desse conjunto de fauna, flora e microorganismos. É provável que a extensão territorial e a variação climática do país seja um fator determinante para tamanho rol de espécies. Tamanha riqueza natural vem acompanhada da responsabilidade de zelar por ela.

Conferências e acordos em níveis mundiais discutem sobre sustentabilidade, que é a capacidade de se desenvolver uma região, utilizando racionalmente os recursos naturais dela. Um fruto da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD), promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), é a criação de sítios de patrimônio mundial, áreas protegidas pelo fato de serem únicas. Já são reconhecidas pelos organismos internacionais 553 reservas em 107 países.

Nas áreas chamadas de únicas, observam-se números e tipos de seres vivos, as características geológicas e sua importância biológica. Geralmente, o local é viveiro de espécies endêmicas, ou seja, que só vivem lá. Outros pontos citados são que a região pode ser alvo do fluxo migratório de animais e a paisagem é excepcional, inigualável.

Sítios verdes-amarelos

Além da preocupação com a natureza, a delimitação dos sítios ajuda a população local se desenvolver cultura e economicamente de modo sustentável. O Brasil possui nove áreas. O número é ínfimo se comparado a outros países, como o EUA, que têm mais de 35. No entanto, é preciso levar em consideração que nossas áreas são bem maiores que as internacionais. Algumas das nossas regiões únicas são: o arquipélago de Marajó, o Pantanal, a Mata Atlântica e a Amazônia.

Com o monitoramento e o conhecimento sobre o perfil das reservas, é possível realizar pesquisas científicas, detalhar as necessidades e o potencial das regiões. O auxílio à população em Marajó, por exemplo, é chave fundamental para melhorar os índices sociais dos ribeirinhos. Foi dado que 80% da população local é analfabeta, que boa parte das pessoas vive com apenas quatro reais ganhos por dia e que existe somente um museu na cidade. A restauração da atividade cultural e o fomento à economia são ações conjuntas à preservação ecológica. Segundo a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), um resultado positivo dessas medidas é a posição do Brasil em oitavo lugar no ranking de produção de conhecimento sobre biodiversidade.

Corrida contra o tempo

Os índices de poluição e desmatamento são assustadores. Enquanto o planeta sofre, alguns países ainda resistem em fazer parte dos tratados. “O Brasil, apesar de ser membro de organismos internacionais de proteção ao meio ambiente, precisa ser mais ativo e participar ainda mais de algumas iniciativas”, pondera Clayton Lino, presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica .

A Assembleia Geral das Nações Unidas indicou o ano de 2010 para ser um marco como ano da internacional da biodiversidade, como medida de urgência de tomada de decisões. A Organização das Nações Unidas (ONU) designou a Secretaria de Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que reúne 191 países, para coordenar os eventos.

A oportunidade de participar dos 11 painéis do Seminário na Câmara ganha importância pela fala do palestrante Marcelo Lima, Gerente de Implantação do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza do Ministério do Meio Ambiente). Ainda falta organização das reservas. “A reserva da Mata Atlântica é um exemplo bom de organização, mas nem todas são assim”. Já ,para a comunidade, a importância do evento começa no simples fato de se poder acompanhar as palestras brilhantes de profissionais e estudiosos da área.
*Créditos das fotos: Janine Moraes e Leonardo Prudente

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