segunda-feira, 26 de julho de 2010

Uma mão na roda


Números são importantes. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 10% da população de um país, em tempos de paz, é deficiente. No Distrito Federal, 13,5% da população está no quadro. Figura-se, por isso, a importância de se implementar mudanças para atender melhor os cidadãos deficientes. Fazendo a sua parte, a Câmara dos Deputados adquiriu mais dois triciclos em junho deste ano. Agora são seis. Os veículos podem ser usados por servidores, deputados e visitantes. A compra dos triciclos é só uma parte do Programa de Acessibilidade, que vem sendo implantado desde 2004.

Estima-se que 15 mil pessoas circulam pela Casa todos os dias. E entre elas, claro, portadores de necessidades especiais. Para facilitar o deslocamento dos deficientes físicos e se adequar à Lei 10.098/2000 (Lei da Acessibilidade), a Câmara já adaptou plenários, sanitários e comprou ônibus com portas de acesso. Com relação aos outros tipos de deficiência, houve a inserção de janelas de Língua Brasileira de Sinais (Libras) na programação da TV Câmara, conteúdos em áudio no portal, e a inauguração da maquete de prédios em braile no Salão Verde. Essa novidade ajuda alguns visitantes a acompanharem sem maiores problemas a visita guiada.

A Câmara tem promovido desde 2004, ainda, palestras de motivação e cursos para conscientizar a comunidade. Em um dos eventos, Clodoaldo Silva (medalhista da Paraolimpíada 2004) e o pai do cantor Hebert Vianna, Hermano Vianna, estiveram presentes. Adriana Jannuzi, coordenadora do Programa de Acessibilidade, destaca que, por causa das ações, a Câmara tem sido exemplo para outros órgãos. O Supremo Tribunal Federal (STF), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequena Empresas (Sebrae) são alguns deles. Representantes da Infraero, os visitantes mais recentes, vieram na última semana para conhecer os projetos.

Maratona de trabalhos

A coordenadora ressalta que ainda faltam várias mudanças a fazer, e que o trabalho não cessa. “Estamos lutando para adaptar o Plenário Ulisses Guimarães”, afirma. Os banheiros do mesmo plenário, porém, já receberam as adaptações.

Dentro do ambiente de trabalho, os servidores que precisam de auxílio procuram o departamento de Adriana. Neste caso, a Câmara providencia mudanças pontuais para o servidor se deslocar com mais tranquilidade.

O retorno desse trabalho não vem somente de dentro. Frequentemente, Adriana recebe sugestões e elogios da população por meio do Fale Conosco da Câmara. Vários comentários referem-se às leis que o portal disponibiliza em áudio. “Direto, pedem para que a gente coloque outras leis”, lembra. As ligações, sem dúvida, ajudam na elaboração de novas propostas.

Olhar humano

O Censo de 2000, o último, contabilizou cerca de 25 milhões de brasileiros que necessitam das ações relacionadas à acessibilidade. Segundo a OMS, a distribuição percentual por tipo de deficiência no Brasil seria:

auditiva: 15%
física: 20%
mental: 50%
múltipla: 10%
visual: 5%

São claras pelo menos três tipos de barreiras enfrentadas pelos deficientes: a física, a de comunicação e, talvez, a mais dolorosa, a do preconceito. Com lei e conscientização, a sociedade minimiza essas barreiras. Quando um cego compreende o mundo à sua volta pelo toque, ele está, magistralmente, atravessando a esfera semilíquida da íris¹. É que a combinação química e fisiológica que envolve o fenômeno da visão precisa ser complementada pelo raciocínio e pelas experiências de vida. Enxergar melhor o que é cidadania é ser, verdadeiramente, humano.


Cartilha sobre Direitos da pessoa com deficiência: http://www.ibdd.org.br/arquivos/cartilha-ibdd.pdf

1. Expressão do texto Poesia e espionagem, do professor da UnB e escritor Gustavo de Castro e Silva.

Foto: Leonardo Prado

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